Recessão ainda paira sobre o Nordeste

A economia do Nordeste ainda está longe do patamar de 2014, quando a região atravessou um período de crescimento e investimento, alcançando 53% do Produto Interno Bruto (PIB)per capita do País. Isso é o que aponta um levantamento da Tendências Consultoria. Segundo o estudo, a região pode até apresentar um PIB positivo de 1,6% neste ano. Mas, mesmo assim, permanecerá com uma economia em torno de 5% inferior à de 2014.
Nesse cenário, o Nordeste ainda está em retomada lenta. Por isso, pode demorar a se recuperar da crise econômica dos últimos anos. “O Nordeste tem uma grande dependência do setor público. Em períodos de crise, a região não consegue grandes investimentos desse setor porque ele fica debilitado. Além disso, o investimento privado também fica menor para a região”, avaliou o economista Thobias Silva.
Ele complementa que, diferentemente da região Norte – cuja economia depende do agronegócio e da indústria extrativa e, por isso, pode crescer 3,2% neste ano, segundo a Tendências Consultoria -, o Nordeste depende de setores intimamente ligados ao ritmo econômico nacional. “O Nordeste depende do consumo. O crédito tem um impacto muito grande. Então, quando esse setor não está em cenário positivo, a região sofre”, explicou Silva.
Segundo a secretária executiva de Políticas de Desenvolvimento de Pernambuco, Maíra Fischer, em Pernambuco não é diferente. “Não somos um estado rico em recursos naturais, como os estados do Norte. A matriz econômica de Pernambuco é de serviços e comércio. Cerca de 76% do PIB do Estado é relativo a esse setor. Então, é natural que Pernambuco tenha um comportamento diferente. Com a crise, o dinheiro parou de circular, a família diminuiu o consumo. Fica a dependência do setor privado”, analisou Maíra.
No entanto, a secretária executiva afirma que o Estado tem apresentado bons números de crescimento. “Nos últimos anos, Pernambuco vem crescendo acima da média nacional. Para que essa retomada da economia seja alcançada, continuaremos os investimentos com o objetivo de aumentar a competitividade. Entre 2015 e 2018, por exemplo, investimos R$ 2 bilhões em recursos hídricos”, comentou Maíra. Em 2018, o PIB pernambucano cresceu 1,9% – mais que a média do Brasil, que foi de 1,1%.
Ainda segundo o levantamento da Tendências Consultoria, os anos de 2020 a 2022 deverão se mostrar um período de transição para o Nordeste, com crescimento do PIB apenas marginalmente superior ao do País, ainda motivado pelo peso relativamente modesto de setores mais sensíveis ao ciclo econômico e pela carência de grandes projetos de investimentos. “A fragilidade dos estados do Nordeste é na área fiscal. Os estados são grandes investidores, mas, como estão fragilizados e com pouco dinheiro para investir, a economia cresce pouco”, analisou o economista da Ceplan, Jorge Jatobá.